"A degustação do vinho é ao mesmo tempo uma degustação de palavras. O vinho actualiza os segredos escondidos da alma. Em contrapartida, os homens beberam glorificando os deuses através das palavras.
Reconhecemos que num pobre vinho ele não responde, é mudo, não tem grande coisa para dizer, ele não tem eloquência, ele é ainda muito jovem para revelar toda a sua riqueza, ele esforça-se para se expressar, mas ele ainda não atingiu o limiar do diálogo…"
Como em todas as coisas, há um segredo em cada vinho, mas é um segredo que ele não guarda mais.
Podemos obrigá-lo a falar, ele quer que o amemos, que o bebamos e que entremos mesmo dentro dele. Afinal ele fala…
Báquico: de Bacchus deus do vinho. Para alguns falantes, báquico significa bizarro, anormal, lunático em estado de embriaguez ou folia.
Bagoinha: Chamam-se assim aos bagos que não alcançam o tamanho normal e que ficam atrofiados.
Baptismo: juntar-lhe água, cortar com água.
Brota: crescimento vegetativo que desabrocha a partir de uma gema ou botão. Botão é a reunião de folhas rudimentares na axila das folhas, ou no extremo dos ramos e donde sai o gomo na primavera. Também se chama olho e nos excertos de casca, borbulha.
Bacelo: sarmento ou vara nova da videira, atempado.
Bagulho ou casculho: é o conjunto de peles de uvas depois da fermentação e esprema.
Barbado: videiras novas ou bacelos com raiz.
Bardo: No Douro, latada vertical corresponde no Minho a arjoada ou beirada (é a latada feita com arjões, que são ramos de árvores, também chamados minhoteiros).
Balseiro: é a vasilha onde se passava a fermentação tumultuosa do vinho, também chamada de cuba. Muito utlizados como fermentadores de cerveja e no estágio de vinhos, nomeadamente no vinho do Porto. Utilizados pelo Vinho do Porto nas empresas inglesas na armazenagem de vinhos antes do engarrafamento. Eram vasilhas tronco-cónicas e em CRF, estas vasilhas tinham capacidade até 50.000 litros. Autênticas casas de dimensão até T2. Normalmente construídas em madeiras nobres como o Mogno e Carvalho.
Borreiro ou borneiro: é o orifício na parte inferior do tampo da vasilha, onde se introduz a torneira e por onde, além do vinho também podem sair as borras. Normalmente instalado no postigo da vasilha.
Bom, do bom: expressão muito utilizada na presença de um vinho de muita cor e algum corpo que enchia a boca e se mastigava e se bebia bem.
Boca: sensação de boca. Exemplos de expressões: amplo de boca, uma boca fechada, uma boca magra, um vinho pleno que enche a boca, ou ele está muito bem na boca. As primeiras sensações são o início de boca ou o ataque de boca e no final da sensação o fim de boca.
Branco dos brancos: Vinho únicamente elaborado com uvas brancas. Este termo atinge o verdadeiro significado na região do Champagne, pois com ele permite-se distinguir os vinhos exclusivamente produzidos a partir da sua casta branca, o Chardonnay.
Bouquet: conjunto de aromas primários da fruta, secundários da fermentação e terciários do envelhecimento. Palavra utilizada desde o seculo XVIII tem grande significado traduzindo sempre aromas agradáveis.
A cumplicidade do vinho com a palavra é a mesma que o sabor nos oferece, isto é, nunca só um sentido. O julgamento faz-se na boca. As palavras são uma forma material, um som audível, ou uma grafia visível, mas igualmente alguma coisa perceptível. A este jogo oral anexam-se evocações de outras sensações, de outros prazeres onde as metáforas revivem as lembranças.